sábado, 13 de outubro de 2007

Pop Art

Qual o sentido da arte numa cultura profundamente parametrizada pela mercadoria, pelo consumo, pelas celebridades?


A pop art atinge a dessacralização da obra de arte no sentido abordado por Benjamin, utilizando imagens e produtos relacionados à indústria cultural e à indústria de consumo.

Há momentos em que a Pop Art se manifesta como reflexão irônica e crítica aos costumes da sociedade de massas:
as realidades materiais do dia-a-dia, a cultura popular, na qual as pessoas comuns extraíam da TV, das revistas ou das histórias em quadrinhos a maior parte de sua satisfação visual.

Um exemplo é esta colagem que considera-se um dos trabalhos pioneiros da arte Pop,

Richard Hamilton, "Just What Is It that makes today homes so different, so appealing", 1956
Referia-se ao interior da habitação com os mais recentes produtos da indústria de massa, inclusive da indústria cultural - vejam o cinema, a televisão, a fotonovela. Questiona-se aqui a sedução de uma imagem sem conteúdo, voltada para o consumo.



Díptico de Marilyn, de 1962, tinta de serigrafia sobre tinta polimerizada sintética sobre tela, 208,3 X 289,6 exposta na Tate Gallery

A industria cultural e a reprodução em massa das imagens é abordada com o processo serigráfico. Marilyn Monroe é reproduzida como marco e modelo, ícone e padrão, líder e objeto que move uma estética e um período. Dentro dessa abordagem, a imagem de Marilyn foi propositalmente serigrafada sem nenhuma perícia ou exatidão, e a impressão colorida mostra-se, no melhor dos casos, imprecisa. Warhol indica as aberrações provocadas pela industrialização, e os defeitos provocados em sua plástica são, nesse sentido, provocativos. Entretanto Warhol se opõe ao conceito de obra de arte como peça artesanal, feita a mão para o conoisseur e expressando a personalidade do artista.

“Quero que todos pensem de modo igual. Acho que todos devem ser máquinas”.

De fato, Warhol produzia suas obras em ritmo industrial e deu a seu estúdio o nome de “The Factory” (a Fábrica), de início serigrafando-as ele mesmo e depois transferindo o processo para os funcionários de seu ateliê, ou fábrica, como preferia: Warhol concebia um projeto, e os assistentes o executavam.


A ilustração “desumanizada” de Marilyn extraída dos meios de comunicação de massa sugere que, entregando-se à maquina da publicidade, Marilyn foi destruída como pessoa, e o estilo absolutamente neutro e documental de Warhol reproduz a impessoalidade e o isolamento que caracterizam essa fama. Ele era fã ardoroso das celebridades e entendia o caráter transitório da fama; estava, porém, mais interessado na idéia da devoção do público americano à celebridade como um símbolo cultural da época. Inclusive, Warhol era ele mesmo uma figura lendária, um personagem conhecido e reverenciado e pode-se dizer que graças a seu talento publicitário, a publicidade midiática de que falava ele nunca aplicou tão bem quanto na promoção de si mesmo.

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