A colagem, a "assemblage" e numerosos trabalhos efêmeros -e por isso pouco conhecidos e divulgados - situam-se por alguns como iniciadores de muitos dos movimentos da arte contemporânea.
Artistas cubistas, desde Pablo Picasso e George Braque, já lançavam mão, aplicados em suas telas como matéria-prima, de produtos banais da indústria cultural e e da indústria tout court, como recortes de jornais, partituras musicais, papéis de parede, reclames de lojas, rótulos de bebidas, maços de cigarro e outros materiais. Não há nenhum movimento de emancipação desses materiais; seus “conteúdos” estão rebaixados à condição de meros coadjuvantes da experiência poética. No entanto, aqui, estão presentes fragmentos da realidade urbana, ou, melhor, uma realidade feita em pedaços, constatando o caráter fragmentado da realidade.
"Um ponto que desejo estabelecer é que a escolha deste 'Readymade' nunca foi ditada por uma causa de deleite estético. Essa escolha foi feita baseada numa reaçâo à indiferença visual, com total ausência de sentido de bom ou mau gosto... De fato, uma completa anestesia".
A Fonte, obra que fez repercutir o nome de Duchamp ao redor do mundo - especialmente depois de sua morte -, está baseada nesse conceito de ready made: pensada inicialmente por Duchamp (que, para esconder o seu nome, enviou-a com a assinatura "R. Mutt", que se lê ao lado da peça) para figurar entre as obras a serem julgadas para um concurso de arte promovido nos Estados Unidos, a escultura foi rejeitada pelo júri, uma vez que, na avaliação deste, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. Com efeito, trata-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri.
Os ready made passaram a ser o elemento de destaque da produção de Duchamp.
Entre os mais famosos, podemos citar a obra L.H.O.O.Q. (sigla que, lida em francês, assemelha-se ao som da frase "Elle a chaud au cul", que, traduzida para o português, significa "Ela tem fogo no rabo"), que nada mais é do que uma reprodução do célebre quadro de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa, acrescida de bigodes e barba.
Para Benjamin a arte dadaísta, tal como o cinema, também marca a oposição entre o recolhimento da arte cultual e a dispersão da arte técnica. Sua arte agressiva, usa da idéia da distração no próprio âmbito da arte:
“O dadaísmo tentou produzir através da pintura (ou da literatura) os efeitos que o público procura hoje no cinemaE ainda:
“A recepção através da distração, que se observa crescentemente em todos os domínios da arte e constitui o sintoma de transformações profundas nas estruturas perspectivas, tem no cinema o seu cenário privilegiado”.
http://www1.uol.com.br/bienal/24bienal/edu/gabriel_orozco.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário