segunda-feira, 8 de outubro de 2007

"VT is not TV" - do cinema ao vídeo: a multireprodutibilidade digital





Durante o século XX, no decorrer da história do audiovisual, verificamos que as previsões de Benjamin feitas nos anos 30 foram se confirmando. As mudanças de percepção temporal decorrentes do desenvolvimento tecnológico e da transformação acelerada do dia a dia, que ocorreram a partir do final do século XIX e início do século XX: passagem do mudo para o sonoro, do preto e branco para a cor, o cinemascope, e mais recentemente as possíveis intersecções entre o cinema, o vídeo, a televisão e a computação alteraram drasticamente a percepção e a recepção da obra de arte, principalmente no que diz respeito ao elemento temporal.

O vídeo é filho da televisão, seu filho mais rebelde. A videoarte surgiu na década de 60 e os pioneiros foram o coreano Naum June Paik

Nam June Paik – Olimpo de Gouges – 1989 – MAM – Paris – França

e o alemão Wolf Vostell. Os artistas do Fluxus buscavam uma espécie de “contra-televisão” subvertendo os ideais e os modelos comerciais da época. Daí o slogan "VT is not TV": vídeo e TV sempre tiveram uma relação de amor e ódio.

A digitalização de imagens e sons, para posterior utilização em cinema e vídeo, retoma os primórdios do cinema, quando se procurava o movimento a partir das imagens fixas: imagem e som podem ser construídos e desconstruídos a partir de modelos elaborados pela própria máquina, e as possibilidades de manipulação são infinitas, correspondendo a uma nova relação do ser humano com a realidade. A informática e o avanço das telecomunicações moldaram um
pensamento que o diferencia radicalmente da estrutura de pensamento linear dominante antes da revolução tecnológica: a convivência entre cinema, vídeo, televisão e informática (multimídia) criam uma nova forma audiovisual plural e complexa.

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